Depois de toda a polêmica em torno do novo acordo de acionistas assinado entre o Governo do Estado e o Grupo Dominó Holdings no fim do mês passado, a Sanepar reuniu-se na manhã da última segunda-feira (16) com representantes dos alguns sindicatos da empresa (Saemac, Siquim, Sindaen e Sindael) para prestar esclarecimentos.
De um lado da sala de reunião estavam os representantes da Sanepar: o diretor-presidente Fernando Ghignone, o diretor financeiro Dirceu Wichnieski e o diretor de relações com investidores Francisco Farah. Os três foram muito taxativos ao afirmar que não há o risco de privatização da Companhia e que o acordo foi benéfico para a Sanepar, mesmo que fique muito claro que todos os demais sócios-acionistas saíram perdendo e apenas o Governo do Estado ganhou nesta negociação.
Os diretores explicaram que houve um acréscimo considerável de ações preferenciais da Sanepar com o aumento do capital em R$781 milhões, que foram lançados em ações. Se isso é verdade, não temos como saber.
É certo que ficamos receosos com tudo isso. Afinal, todos os outros perderam e só a Sanepar ganhou. Qual é o milagre? O Grupo Dominó tinha R$1,2 bilhão em ações e retirou esse valor. Eles vão deixar de receber tudo isso em troca da renovação do acordo por oito anos... Pelo lucro que a empresa vem apresentando, esse dinheiro não será recuperado nunca! Mas, pelo visto, o que importa ao Grupo Dominó é a garantia de indicar três diretores... É uma coisa muito estranha! Quem abriria mão de tanto dinheiro a troco de tão pouco?
"Outra coisa que não dá para engolir é o valor das ações. A Sanepar está pagando R$12,75 enquanto o valor de mercado é R$6,90. Esse tipo de coisa nos deixa com o pé atrás mesmo com as explicações da empresa", afirma o diretor de divulgação e imprensa do Saemac, Alvair Santa Rosa.
Enfim... A empresa disse que também não há o risco das empresas acionistas colocarem trabalhadores na Sanepar sem que seja pelo método legal: concurso público. Outro dado informado pelos diretores da Companhia é de que a Sanepar estava sem condições de contrair mais financiamentos ou, em outras palavras, não tinha margem para fazer empréstimos. Mas, agora, com a dívida perdoada pelo Governo, a empresa está zerada e pode fazer financiamentos.
Ao contrário do que a empresa divulgou na matéria "Diretoria reúne sindicatos para esclarecer sobre o acordo de acionistas" publicada na Intranet, o nosso presidente Gerti José Nunes não ficou 'tranquilo em relação aos boatos de privatização e nem tem certeza de que o acordo de acionistas poderá ser saudável para a empresa'. A única coisa que o presidente afirmou que este novo acordo nitidamente trouxe de bom foi a retirada da votação em bloco entre a diretoria da empresa e o Conselho de Administração (CAD), com a condição agora de voto por maioria simples.
Ao final da reunião, o Gerti questionou a diretoria quanto à negociação do PPR e ressaltou que temos pressa em assinar o acordo para manter a tranquilidade que, por enquanto, paira na Sanepar. O presidente da Comissão de Negociação da empresa, Glauco Machado Requião, estava presente e confirmou a reunião sobre o PPR para a semana que vem, com data a ser divulgada em breve e com a discussão nos mesmos moldes do Acordo Coletivo de Trabalho.
